Entrevista com Rauliane da Camisa 12

Mano, hoje em dia o que a camisa 12 representa para você?
- A parte boa da vida com o CORINTHIANS, depois que você conhece de verdade a história da Torcida você aprende a amar incondicionalmente, quando eu cheguei e vi a união foi sem palavras, a recepção é diferente, o lema “CORAGEM E DETERMINAÇÃO” eu carrego hoje na minha vida pessoal, na minha vida profissional, nos momentos bons e ruins da minha vida, porque se você não tiver coragem e determinação você não chega a lugar nenhum. Então eu falo que a Camisa 12 com o CORINTHIANS é o lado bom na minha vida, meus dois grandes amores.

 

Conta um pouco sobre o seu amor pelo Corinthians, de onde surgiu?
 - Mano, eu falo que o CORINTHIANS é o conceito de amor para mim, é inexplicável o que a gente sente pelo CORINTHIANS, não importa a fase, não importa jogadores, não importa nada, a gente ama esse clube acima de qualquer coisa no mundo. E esse amor com certeza veio do meu avô paterno que infelizmente não está mais aqui entre nós, meus pais falam que ele meu deu aquelas roupas de bebês do Corinthians e que ali não teve mais jeito não, ali eu virei Corinthians. O meu avô quando era vivo era Deus no céu e Corinthians na terra e aquilo foi passando de geração para geração. O mais da hora é que meu pai é São Paulino e tentou de várias vezes me fazer ser São Paulina também quando eu era criança, mas, Corinthiano nasce né? Não teve jeito. O CORINTHIANS sempre foi presente na minha vida, sempre uniu a minha família de uma forma diferente. E hoje tenho meus primos e tios em outras torcidas também, a gente sempre fez e faz muita questão de carregar de falar do meu avô, eu espero que ela da onde ele estiver hoje ele esteja orgulhoso que carregamos tudo aquilo que ele ensinou para gente com muito amor.

Hoje em dia, como você ver o aumento da bancada feminina? 
 - Pô, acho que é umas das coisas mais da hora que tem e isso é independente de ser torcedora comum ou de organizada. As minas estão conquistando seu espaço por mérito delas, estão fazendo por onde é hoje você vê vários movimentos das minas pela entidade. Uma das coisas mais legais que eu vejo é as minas se apoiando, incentivando as outras a ir assistir a jogo pela primeira vez ou ir até mesmo sozinha e se encontrarem lá, é um tabu que está quebrado por nós mesmo. E o “RESPEITA AS MINA” está cada vez mais sendo colocado em prática graças a Deus.

Conta um pouco para a gente sobre sua rotina em dia de jogo do timão? 
- É corrido meu, eu moro em Aparecida–SP, interior né. Então dependendo do horário eu não consigo nem ir, fora o quanto que gastamos também. Tipo, se o jogo cai no horário das 21:30 eu saio de Aparecida 16h ou 16h30. Teve jogos que era o tempo de tomar banho rapidinho e ir pegar caravana, nem almoçava para dar tempo. Porém, tem jogos que infelizmente não dá para ir, exceto se eu meta um atestado kkk brincadeira. Mas é aquilo "quando a gente ama não se mede esforço para ver jogar".

Hoje em dia como é ter um cargo na torcida?
- Eu costumo falar que cargo eu tenho na minha escola, o que eu faço lá no Vale é por nós mesmo, tento fazer o meu melhor sempre. É responsa lidar com dinheiro que não é só seu, mas é pelo Corinthians, pelo vale, por nós mesmo. Às vezes dá um probleminha, mas faz parte da vida. 

Qual a caravana que ficou mais marcada na sua vida? 
- Mineirão 2024, ali foi um aprendizado que a vida é um sopro.

Como é a adaptação da sua vida pessoal, com a sua vida de torcida?
- Hoje está mais fácil, sou professora de Educação Física né? Ser professora de educação física já é uma luta, acham que é matéria besta. E ser de torcida então, as pessoas olham com um olhar de julgamento, a maioria dos professores já olha como algo que é perda de tempo, já pensam em tudo de ruim, mas coisas ruins e pessoas ruins tem em todo lugar, infelizmente. Mas isso já era assim antes de entrar para Torcida, no CORINTHIANS X Cruzeiro pela Copa do Brasil eu fui em outro setor e foram falar para meu coordenador que coisa de futebol era ambiente de briga. Eu nunca liguei, nunca deixei e eu nunca vou deixar de ir, quem eu sou fora do meu ambiente de trabalho não diminui meu profissionalismo.

Conta um pouco do seu ciclo de amizade que o Timão lhe trouxe?
- O CORINTHIANS me proporcionou vários momentos e pessoas incríveis, acho que os melhores da minha vida. Eu tenho amizades que considero minha família, que vão muito além de jogos, mesmo sendo amizade que nasceu ali, isso é gratificante demais, porque são amigos para ir ao cinema, para ir tomar uma cerveja. Em 2022 me pai ficou internado em São Paulo 3 meses no IASMPE e precisou de doação de sangue, mano, a galera brotou lá e isso para mim foi uma das coisas mais da hora que já vi, teve gente que eu nem conhecia que foi com outra pessoa que eu conhecia e hoje estamos aí. Pô, eu tenho amigos, mais chegados que alguns parentes, acho que é sobre ser a família que s gente escolhe.

Quem é suas principais referências de bancada?
- Meu avô, sem dúvidas. Quem criou a raiz na família, ensinou sobre Corinthians e Torcida. Depois cada um fez sua escolha e foi fazer sua caminhada com o máximo respeito, então acima de tudo a minha família. Mas eu tenho uma referência gigante pelo meu pessoal de Aparecida e Guaratinguetá que é a cidade vizinha, só a gente sabe a correria que é para estar colando nos jogos. O Zé do Lanche que faz a caravana desde 2021, tudo nasceu no beco lá em Guaratinguetá e carrega isso até hoje, a gente até chama ele de pai Zé. Tenho um respeito muito grande pela Sara que é da 12 Vale também, porque é muito difícil você ver uma liderança mulher e ela foi e foi muito bem, com coragem e determinação ela lutou pelo Vale e abriu muitas portas para as minas que chegaram depois. Tem o Elton que é um mano que nós dois tem o mesmo neurônio, a gente vai atrás, apoiar o Corinthians e vê as consequências depois. Final de ano rolando e a gente vendo agenda de jogos, preocupados com ingressos. Mas seria foda citar mais nomes e esquecer de alguém, mas eu tenho máximo respeito por todos, acho da hora a caminhada que cada um tem.

Fala um pouco sobre a Rauliane fora da bancada?
- Sou Professora como eu já disse lá em cima, sou formada em educação física, licenciatura e bacharelado. Sou qualificada em Biologia. Tenho 28 anos, embora ninguém acredite, 3 anos dando aula pelo estado, uma correria, mas estou fazendo aquilo que amo né? O esporte está presente na minha vida desde quando eu era criança, sempre pratiquei futsal e natação, então apesar de tudo estou no caminho que eu amo. Ser professora hoje em dia é muito difícil, mas eu amo o que eu faço.

Quando se fala em Corinthians, o que ele representa?
- CORINTHIANS representa tudo, acho que todas as emoções que alguém pode sentir pode ter certeza que envolve o CORINTHIANS. Esse clube é diferente mano, a nossa história de vida se você for parar para pensar é igual do CORINTHIANS, a gente está em uma maré ruim e daqui a pouco já era, tudo mudo, a vida volta a sorrir e a tempestade passou. Todo mundo tem a sua luta, a gente não desiste nunca e não temos essa opção, quase todo mundo não luta só por si, existem ali outras pessoas. E o CORINTHIANS é luta, é raça, um time que luta pela sua torcida. Às vezes a gente está tendo um dia baita de uma dia bosta e no final do dia acontece alguma coisa boa, aí é aquela emoção de gol aos 45 min do segundo tempo. O CORINTHIANS me salvou de mim várias vezes, o meu pai está na luta contra o câncer mano e quando a gente ficou sabendo foi um choque, meu mundo caiu, sou filha única mano. Ali foi momento que me apeguei ainda mais em Deus e na Nossa Senhora, e o que amenizada a minha tristeza, aliviava toda tensão e medo foi o CORINTHIANS, aquele grito entalado que eu guardava para não demonstrar para ninguém eu soltava nos jogos, aqueles 90 min de jogo é o que me fazia esquecer um pouco. As pessoas que ele colocou na minha vida nesse momento como já citei na outra pergunta. Então o CORINTHIANS representa tudo, além de todas as emoções ele representa, eu posso dizer que me salvou. 

Qual foi sua maior vitória junto a camisa 12? 
 - Mano eu vou colocar uma recente, coloca ali contra os imundos porque essa para mim foi a virada da chave de tudo, ali já era, eu sabia que o CORINTHIANS não ia cair e ainda tiramos o título deles. A gente foi muito feliz né? A tour que foi para eu ir nesse jogo você não tem ideia. Vou nem falar muito porque vai que outros funcionários da minha escola vê isso aqui.

Já sofreu algum tipo de preconceito por ser de organizada? 
- Sempre! Mas isso desde antes de entrar para torcida, só de você ser mulher e gostar de futebol você já sofre várias piadinhas. Mas eu nunca liguei, eu jogava futsal quando era criança, tão sou acostumada. Ser de organizada você sofre porque quem não conhece e tem a mente fechada tem um visão completamente errada, para eles são tudo marginal e vagabundo. Porém, tem professor que trabalha de tornozeleira elétrica, acha mesmo que vou ligar para preconceito de gente assim? Não vou né! Quem sou ou deixou de ser não interfere no meu profissionalismo. E eu sempre falo para as meninas do time que eu tenho, nunca deixem de fazer aquilo que vocês amam devido aos outros, o seu lugar é onde você quiser, o que os outros pensam é problema deles. 

Hoje em dia como uma pessoa se associa a camisa 12?
- Vai na sub sede mais próxima, PDE ou na sede mesmo. Esta tendo reunião de novos sócios direto então é ficar atento nas datas, cola lá para você aprender sobre a Torcida e sua caminhada. 

E para finalizar, qual conselho que você daria para uma pessoa que quer entrar na torcida?
- Já vai com a certeza primeiramente que torcida organizada não é bilheteria. Meu, vai na quadra, conheça primeiro a história da torcida, a ideologia, troca um papo com o pessoal sobre a caminhada, mas lembre-se que a sua caminhada é você quem faz. Não entra por entrar ou porque fulano e ciclano falou, pega e vai com as suas próprias pernas. Porque não é só colocar a farda e ir para jogo