Entrevista com Ewely dos Gaviões da Fiel

Por Alex Sousa

Hoje no bancada em foco é dia de conhercermos nossa futura advogada, nossa querida Ewely, com mais de 6 anos de bancada, junto a torcida dos Gaviões da Fiel, ela veio hoje mostrar uma visão diferenciada de bancada, como muitos da sociedade nos trata como sem nada para fazer, como sem pretensão de vida, entre outras coisas, a entrevista dela veio para derrubar esses paradgmas, pois elas nos conta de onde surgiu esse amor pelo direito. "A faculdade de Direito é algo que sempre quis, o sentimento de justiça, o fato de ser justa nas minhas questões pessoais, admiração pelas questões envolvidas." Ewely também nos traz como se imagina em um futuro mais ou menos daqui uns 10 anos "Daqui há 10 anos me vejo com família formada, exercendo minha profissão, estando mais presente na torcida."

Hoje em dia, quando falamos de Corinthians qual é o primeiro jogo que vem na sua mente?

- Impossível não citar o mundial de 2012 né?! Afinal, em meados de 2010 comecei a ter um pouco mais de noção do que era o nosso grande Corinthians, do que era aquele futebol televisionado, porque até então só tinha ido a estádio na barriga da minha mãe e desde então, comecei a acompanhar um pouco mais. 

Outro jogo que posso citar é do Corinthians x Cruzeiro, onde o Pedrinho teve gol anulado. Cara, esse dia foi louco demais, cai na arquibancada na comemoração, na volta pra casa cai na escada rolante, foi um dia emocionante como dá pra perceber.

Conta um pouco para nós, quais foram suas principais influências quando se fala de Corinthians?

- Claramente minha mãe desde a barriga indo pra estádio, me trajando totalmente de Corinthians e meu falecido tio, que inclusive faz aniversário no dia 01/09, fazendo com que essa data seja ainda mais especial e com uma mistura de sentimentos.

O que é ser um Gaviões?

- Ser Gaviões...  vai muito além de ser somente torcedor do Corinthians, é saber que há muitas responsabilidades após associar-se a entidade, é saber o real motivo de estarmos todos unidos por um só motivo, é defender um clube o qual a gente literalmente AMA como a nossa própria vida e até mais as vezes.

Ser gavião não é ser um número ou só mais um sócio, é saber o peso do símbolo que carregamos no peito e honrar aquilo que aprendemos desde a primeira reunião de sócios, é seguir a ideologia.

O por que os gaviões, qual o maior sentimento que te motivou a escolher eles como torcida organizada?

- Como havia dito, minha mãe foi a minha primeira influência e para torcida organizada não foi muito diferente, há anos ela admirava e sentia uma emoção enorme só de ver os Gaviões da Fiel e em 2017 finalmente nos associamos.

Foto: Ana GDF- Mãe / Paulo P9 - Padastro

Foto: Ana GDF - Mãe // Joyce GDF

Tem algum momento marcante junto a entidade?

- Tive vários momentos emocionantes dentro da torcida, dentre elas poder estar perto do clube do coração, estar com pessoas que dividem o mesmo sentimento, é emocionante fazer parte de uma entidade como o Gaviões, poder ter uma bagagem cheia de experiências, formas de amadurecimento e conhecimento nesse meio e pra vida mesmo.

Foto: Brendha P9

Foto: Nathan C12

Foto: Michele

O que te chamou atenção em fazer faculdade de direito?

- A faculdade de Direito é algo que sempre quis, o sentimento de justiça, o fato de ser justa nas minhas questões pessoais, admiração pelas questões envolvidas (e aquilo né Penal é mais legal), mas devido ao meu emprego passado, não tinha condições de conciliar, tampouco psicológico para enfrentar. 

Enfim entendi que tudo acontece no tempo certo, hoje tenho outra cabeça, mais madura, com o psicológico um pouco mais controlado em comparação há 2 anos atrás. 

Atualmente atuo na área jurídica e estou me sentindo cada vez mais realizada com isso. 
Fora a faculdade de administração que estou me formando nesse primeiro semestre de 2024.

Como é conciliar um curso que fora da faculdade ainda te consome muito tempo, a sua vida de bancada?

- Vou dizer que é difícil, quem viveu sabe e sabe que estou há 1 ano sem frequentar estádio por esses motivos e não é por isso que sou menos Corinthiana, como muitos julgam.

Enfim, foi a vida que eu escolhi e eu sabia das “consequências”, dentre elas deixar de curtir meu final de semana, a semana em si, a correria do trabalho, dos estudos, se torna uma rotina cansativa ao dobro.

Tento conciliar ao máximo tudo que tenho em minha vida, mas algumas coisas são escolhas que temos que fazer naquele momento, para que na frente a gente entenda todo o processo.

E se Deus quiser, em maio estarei de volta!

O que o LHP faz parte da sua vida?

- Não tem muito segredo né, LEALDADE • HUMILDADE • PROCEDIMENTO.

3 palavras com significados importantes, ser leal, humilde e proceder de forma coerente, saber como chegar e como sair, ser leal ao que você acredita, a você mesmo e as pessoas ao redor, independentemente se não agirem de igual, faça o teu, seja leal, humilde e saiba como proceder.

Hoje em dia como é ser mulher e participar de uma organizada, as pessoas de fora ainda olham com muito preconceito?
- Graças a Deus as mulheres estão conquistando cada vez mais o seu espaço dentro da torcida organizada, desenvolvendo papéis importantes, seja na parte prática ou teórica da coisa e que assim continuemos caminhando e de certa forma sim, sempre há preconceitos, olhares que julgam, comentários maldosos, situações entre outras coisas que não envolvem somente a mulher de torcida organizada e sim a MULHER.

Qual maior perrengue que tu já passou com organizada? ( essa pode responder se foi alguma logística, busão quebrou)

- Dentre os perrengues da vida, em resumo, quase apanhar da cavalaria, quase trombar os inimigos.

E mano, a gente ver que festa na bancada é o que faz a gente viver, como é ver a PM brecando a maioria dos corre das organizadas dentro dos estádios?

- Cara, vemos muitas situações lamentáveis e de muita opressão ainda no século XXI, quem é sabe como funciona, mas é triste ver a nossa festa ser restrita de algumas coisas por conta dessa opressão que ainda sofremos.

Mais ou menos aí uns 6 anos de caminhada juntos os gaviões, o que mudou na sua mente nesse tempo todo?

- Mudou muita coisa, conheci muita gente, fiz amizade com as melhores pessoas, adquiri conhecimento, experiência, outra visão dentro da torcida, fui bem acolhida, ouvida e durante essa caminhada toda, estou colhendo bons frutos.

Qual a viagem mais foda que fez?
- Infelizmente pelo nosso Corinthians não tive oportunidade de poder acompanhar, o fato de ser CLT não ajuda muito (poderia ter metido atestado? Poderia, mas tenho contas e faculdades a pagar).

Mas fiz viagens pelo meu trabalho, onde fui parar em Vilhena/RO, detalhe: nunca tinha viajado de avião.

Em 2023 conheci dois lugares em Minas Gerais, Capitólio e São Thomé.

Capitólio foi uma viagem incrível e ainda sim passamos perrengue com ônibus na volta.

São Thomé é um lugar mágico demais, lugar de muita conexão, de energias boas, certamente um lugar que eu iria novamente.

Como é carregar o SCCP na pele?

- É algo literalmente marcante, não é só um time de futebol, é um time de futebol que eu amo, seja nos momentos bons ou ruins, momentos de loucura ou de paz.

Carregar SCCP e o nome da entidade em meu corpo, é uma parte da minha vida, da minha história que será carregada eternamente, como dizia nosso Dr. Osmar: “NÃO SOU CORINTHIANO DE CORAÇÃO PORQUE UM DIA ELE PARA. SOU CORINTHIANO DE ALMA PORQUE ELA É ETERNA.”

Quem é a Ewely fora da bancada?

- A Ewely fora da torcida, digamos que é a mesma pessoa mas com uma personalidade um pouco diferente, com um pouco mais de seriedade talvez?!

A Ewely fora da arquibancada é várias pessoas em uma só, mas sempre é a Ewely dedicada, esforçada, atenciosa, parceira pra todas as horas, pau pra toda obra (porém depende), a que quer dar conta de tudo e que se cobra demais.

Eu sou de tudo um pouco e sigo em constante evolução, me tornando cada vez mais alguém, uma mulher que eu desejo ser.

E como você é vista na sua profissão com o nome da organizada na pele?

- Dentro do meu ambiente de trabalho não é algo que interfira ou seja mal vista.

No cargo/função que eu exerço tendo em vista que possuo contato com diversos tipos de pessoas, profissionais, alguns órgãos como Prefeitos e secretários, talvez haja algum julgamento, coisa que se torna algo comum no dia a dia.

E conta um pouco do seu ciclo de amizades dentro da bancada?

- Assim como na vida, estamos sujeitos há muitas coisas e principalmente conhecer pessoas a todo momento, dentro da torcida não é diferente, com decorrer dos anos fui conhecendo pessoas, fui querendo desconhecer outras, mas meu ciclo de amizades atualmente dentro da torcida, são de pessoas maravilhosas, leais, humildes, que me ensinam muito sobre esse universo.

E mano, você como mulher qual o papo que daria para uma mina que tá querendo começar na caminhada?

- Para as mulheres que estão entrando, que sejam muito bem vindas a essa vida e que estejam cientes que nem tudo é um mar de rosas, nós mulheres de torcida organizada estamos submetidas a muitas coisas e responsabilidades com si mesmo e para com os nossos.

Saibam aproveitar, aprender e ensinar também, acolham os novos que ainda estão por vir e que continuemos na nossa luta por um espaço.

Estamos em 2024, como você se imagina daqui 10 anos?

- Daqui há 10 anos me vejo com família formada, exercendo minha profissão, estando mais presente na torcida, construindo uma vida profissional e pessoal, colhendo cada vez mais experiências e conhecimentos.

Com sua visão do LHP, hoje em dia o que você mudaria nas vidas das pessoas?

- Com a minha visão, eu ensinaria o que aprendi, acolheria como fui acolhidas, mostraria pontos aprendidos com o decorrer da minha experiência.

E fora que o LHP não se trata somente da vida na torcida.

Falando de Corinthians já imaginou a torcida em uma úncia voz? E o que acha que falta para esse momento?

- Em uma só voz, na maioria das vezes vemos ao cantar o hino, mas seria algo foda os 90min em uma só voz.

Acho que para isso ocorrer, seria necessário um consenso entre as torcidas, mas cada uma tem seus cantos individuais, então há várias questões a serem pensadas para que isso ocorra.

 

Bom, essa é um pouco da minha história e da minha visão.

Sou grata por toda essa caminhada, pelas pessoas que me acolheram e que me ensinaram e ensinam até hoje.

Agradeço a todos que estão do meu lado em todos os momentos, sendo na torcida, faculdade, trabalho, em casa e etc., sem o apoio e acolhimento dessas pessoas, eu não teria suportado tanta coisa.

Agradeço e parabenizo o Bancada em Foco por nos dar esse espaço, para conhecermos histórias incríveis e aprender um pouco mais sobre cada um e pelo trabalho maravilhoso que fazem.

Obrigada Deus por me fazer Corinthiana e Gaviões da Fiel.