Entrevista com Duda da Camisa 12

QUEM DISEE QUE MULHER NÃO TEM VIVÊNCIA EM UMA BANCADA DE ORGANIZADA?  TRAGO PARA VOCÊS A DUDA.
Tem como inspiração seu pai, e desde de pequena frequenta a bancada, Duda conta com pouco da sua trajetória dos projetos sociais que a Camisa 12 de Franca faz nas datas comemorativas, vivência e muita vivência de bancada, e algumas histórias desses anos de bancada.



Duda, de onde começou esse amor pelo Corinthians? 
A gente nasce com esse amor, é uma coisa que não tem explicação. Quem é Corinthians sabe disso!
O Corinthians é meu primeiro amor, minha paixão. A gente ama e vive pelo Corinthians e isso basta. E eu também sempre tive meu pai muito ativo em prol do Corinthians, e ver e acompanhar ele desde muito nova, só fez o amor ser mais intenso. 

Como é para você acompanhar o Corinthians há mais de 400km de distância? 
Sempre damos um jeito de ir acompanhar nosso Corinthians, mas é um pouco complicado sim, tanto financeiramente quanto em questão a organização de tempo, sabe?! Pra gente aqui do interior, todo jogo é uma caravana. Igual um jogo às 16h, temos que sair daqui 6 da manhã, e só vamos estar em casa às 2 da madrugada, isso, se ainda não houver nenhum tipo de atraso. Mas, acaba que a gente acostuma com a loucura e vira rotina. Nada se compara a chegar lá e ter 90 minutos de bancada apoiando nosso time!



Quais estádios do Brasil você já conheceu, e quais tu mais achou daora? 
A maioria dos estádios que conheço são mais “perto”, ou aqui do estado de SP mesmo, os do sul ou do nordeste ainda são metas. Conheço Mineirão, Arena Independência, Maracanã, Engenhão, Mané Garrincha, Morumbi e alguns mais do interior de SP mesmo. 
O que eu mais achei daora, até hoje, foi o Mané Garrincha. Porém, nenhum estádio se compara à Arena, é coisa de louco, literalmente, rs. 


E por que esse amor pela Camisa 12? Onde tudo começou?    
Inicialmente, através do meu pai mesmo, mas eu era criança ainda. Depois a gente começa a entender a ideologia das coisas, ter noção de como as coisas funcionam - e a 12 funciona na mesma sintonia que eu me encontro. A energia é diferente! A gente sente, sabe?! Me identifiquei demais, e o amor a 12 é consequência. A gente ama o que nós faz bem, fazer parte da 12, hoje, é quem eu sou. 

Hoje em dia, a gente vê as organizadas serem 'bandilizadas' pela sociedade, você que participa há anos de uma, sabe que não é bem assim. Quais os pontos positivos você pode expor aqui para a gente? 
Todo mundo tem essa noção distorcida por causa de uma minoria. A torcida não é feita dessa minoria, são muitas pessoas, pessoas que tem família, pai, mãe, filhos, um trabalho, uma vida normal fora dali, e que o objetivo da torcida é apoiar o Corinthians e compartilhar esse amor em comum. Quem faz parte ou já fez, sabe! Um dos pontos positivos na minha opinião são as amizades que a gente leva dali pra vida. 

Você já participou de algum projeto social envolvendo a organizada? 
Nós fazemos alguns projetos sociais aqui na cidade, com a ajuda de todos sempre é possível ajudar as outras pessoas, no dia das crianças, brinquedos e doces para a garotada. Na Páscoa, chocolates - e é sempre gratificante.

E qual sua relação com a Engenharia, o por que desse curso? 
Eu sempre gostei muito da área de exatas, e tinha em mente que queria fazer algo relacionado à isso quando saísse da escola. Comecei Engenharia sem ter certeza pra falar a verdade, e hoje não me imagino fazendo outra coisa. Me encontrei!


E quem é a Duda no cotidiano? 
Eu me considero um pessoa muito tranquila, sou mais família, e estou na fase de trabalhar e estudar pra alcançar meus objetivos. 
No geral, estou focada agora em terminar a faculdade, (se Deus permitir em Dezembro 🙏🏻😅), e trabalhar para poder bancar meus luxos de ir atrás do Corinthians! Hahah 


Você, como é das antigas, como é essa adaptação ao futebol moderno? 
Hoje em dia, o futebol se tornou muito de mídia, quem der mais, leva. E também acho que a mídia influencia de forma às vezes muito negativa para as nossas origem e raízes, coisas que sempre foram do futebol, hoje em dia são colocadas como erradas - como zoação entre rivais, até uso de coisas pra agregar a festa na bancada mesmo. Não pode ''isso'', não pode ''aquilo''... dá saudade de quando era só realmente futebol e torcida, mas mesmo assim a gente continua fazendo a festa, e espero que não tirem mais nada de nós, amém! 


Hoje em dia a gente vê cada vez mais minas nas organizadas, e até mesmo frequentando estádio. Como é para você ver essa evolução? 
Eu amo muito, até porque a gente se une muito, e uma torcida como a 12 que faz questão das mina é outra coisa. E foi nessa união feminina dentro da torcida que fiz amizades que levo pra vida, a Lara e a Milena, são presentes que a 12 e o Corinthians me proporcionou, e que faz parte da minha vida fora e dentro da torcida! Somos um trio de dozitas, rs. Fico feliz sempre que vejo uma mina nova indo, gostando e se identificando, porque sei da nossa importância na bancada e na vida da torcida. E é bom quebrar o estereótipo de que frequentar estádio é coisa só de homem, porque não é. Espero que cada dia mais aumente, e as mina que tiver vontade, cheguem e conheçam pra ver como é na real. 

Conta um pouco do seu pai na sua trajetória dentro da torcida! 
Meu pai tem mais anos na torcida que eu tenho de vida! Kkkkkkk, ele tem 30 anos de trajetória, já viveu muita coisa, e ainda vive, porque ele é ativo, tá?! Haha 
Ele que trouxe a torcida organizada para a nossa cidade. Inicialmente, ele frequentava os jogos com um amigo, e os dois decidiram trazer a torcida para quem tivesse vontade de conhecer e viver o Corinthians como eles viviam, e aqui estamos nós até hoje. 


E qual conselho você daria para uma menina que quer entrar em uma organizada? Como identificar que está no lugar certo?  
Olha, entra sem medo e se for o lugar certo você vai sentir! A gente sente, é até estranho, mas é uma sensação de estar em casa e no lugar certo. Vem sem medo, conhece primeiro, vê se tem identificação, você vai saber se for o lugar certo porque o sentimento vai ser de realização. 


Qual viagem mais marcante que você Já teve ?
Sem dúvidas, ir para a Argentina de carro, assistir Corinthians e boca na La Bombonera. A viagem foi tensa, e posso dizer que vou guardar para o resto da vida o sentimento que tive indo até lá pelo Corinthians. 


Como é sua logística em dia de jogo? Possui alguma superstição?
Nunca muda. Cada jogo é um nervosismo diferente. Às vezes, faz até perder o sono! Quando vou assistir os jogos no estádio, quase todos, é sem dormir. Saio do trabalho virada porque trabalho de madrugada, e vou! Às vezes a gente cochila no caminho, às vezes não, mas a adrenalina de estar indo fazer o que ama é tanta que o sono nem bate, só na volta, aí a volta é triste! Kkkkk 
E quando fico aqui, eu tenho que assistir os jogos com meu pai e minha melhor amiga que também faz parte da torcida, porque se não assisto com eles, parece que tem algo faltando, e o pior, a sensação de que vai dar tudo errado e o resultado vai ser negativo. São meus amuletos da sorte, posso dizer assim. 

Qual a maior experiência que você já passou com caravana? 
Essa história é boa, eu era pequena, mas ainda lembro, e mesmo que não lembrasse meu pai não deixaria esquecer, ele conta pra todo mundo.
A gente na caravana indo de ônibus até Campinas, jogo contra a ponte, era para esperarmos os outros ônibus chegar para entrar na cidade todo mundo junto por segurança, porém, tivemos que entrar sozinhos, e assim que viramos uma esquina, tinha um bar com a emboscada toda pronta. Não deu para escapar, era só pedra que voava no ônibus. Lembro que meu pai me colocou embaixo do banco, e ficou protegendo. Saímos de lá, graças a Deus todos vivos, mas sem nenhuma janela no ônibus, totalmente destruído.
Na época, eu tinha 8 anos, e meu pai conta que falou “nunca mais ela vem depois disso”, mas no jogo seguinte, eu estava lá.

Qual foi o maior jogo que marcou sua vida?
Posso citar vários, porque todos marcam de alguma forma, cada um da sua maneira. Mas, recente, foi a final da CDB do ano passado. Sério, que jogo! A energia aquele dia estava fora do normal. A torcida estava coisa de louco, o Maracanã viu e ouviu o que é Corinthians. Aquela derrota ainda tem gosto amargo, mas foi um jogo que eu estava e que até hoje lembro da sensação, do sentimento.

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