Entrevista com Vitória Cristina (Vitão) dos Gaviões da Fiel
A entrevistada de hoje do nosso quadro "minas da arquibancada" será a Vitória Cristina, mais conhecida como Vitão. A artesã e membro dos Gaviões da Fiel, frequente de estádio desde de os 2 anos Contou para nós como conciliar a vida pessoal e profissional, com a vida de torcedora que sempre vai ao estádio membra de organizada, tem seu pai como sua inspiração.
Conte-me um momento marcante no estádio?
- Eu gosto muito de lembrar do Pacaembu, na série B, ano de 2008 eu tinha apenas 7 anos, mas tenho um grande apreço pelas memórias na fila do Pacaembu com meus pais e minha irmã pra apoiar o coringão em qualquer situação
E seu momento com Deus como é?
- Sou evangélica de berço, cresci num lar cristão, e tenho uma relação de filha e pai com meu Deus, Jesus é meu amigo e sou completamente grata pela atenção dEle para comigo
Essa tattoo que você tem na garganta sofreu muito para fazer? e já sofreu algum tipo de preconceito com ela?
- Não doeu demasiadamente como eu imaginei. Tive a ideia de mostrar que sou Corinthians em primeiro lugar. O preconceito eu desconsidero
Quantas tattoos você tem e quais as mais marcantes?
- Tenho ao todo 18 tatuagens se não me engano. Mas todas possuem um significado muito grande pra mim, cada uma delas carrega um grande peso, desde Deus, primeiro jogo, família, taça, lema, Corinthians, torcida…
Quais estádios você já conheceu? E tem algum ainda que te falta conhecer?
- Não conheci muitos estádios ainda, apenas Pacaembu, Neo Química Arena, Mineirão e estádios do interior em copinha. Tenho muito a conhecer ainda nessa estrada da vida.
Quem te motivou a ir no estádio?
- Meu pai. Me levou pra jogo desde meus dois anos de idade, e não parei mais kkk
Por que os Gaviões?
- Eu cresci com meu pai Gavião velha guarda, então impossível se identificar com outra torcida. Como já diz a música “eles não sabem o que é ser gavião, que bobos…”
Já passou por algum perrengue grande no estádio?
- Sempre passei enquanto setor de organizadas pela polícia. O estigma que torcedor organizado é bandido predomina, infelizmente.
Como você consegue conciliar sua vida pessoal com a sua vida de torcedora?
- A vida é feita de diversos amores, o amor que eu sinto por Deus é diferente do amor a minha família, diferente do amor ao Corinthians e assim sucessivamente. Um não ocupa o lugar do outro e cada um se manifesta em mim.
Quando se trata de “torcida organizada” infelizmente no Brasil, muitas pessoas ainda acham que são bandidos, como é para você essa visão?
Já dei o princípio da resposta numa das perguntas anteriores. Quem acha que torcedor organizado é sinônimo de vagabundo nunca frequentou um dia a dia de torcida.
Tu participa ou participou de algum projeto social da organizada?
- Eu já fui ajudada pela parte social da torcida. E eu sou missionária urbana, e meu chamado está muito em prol dos desacreditados pela sociedade, então antes mesmo da torcida em si, eu já realizei meu ministério.
Qual sua memória mais marcante de um momento junto com a organizada que passou?
- Minha primeira caravana pra fora do estado de SP com meu pai. Foi incrível a mística toda, impossível descrever… só vivendo pra entender, não há como traduzir em palavras mesmo com nossa língua portuguesa portadora de um vocabulário rico
Fala um pouco mais sobre seu trabalho?
- Eu trabalho desde meus 12 anos, sempre fui muito esforçada, tanto no estudo como no trabalho, já trabalhei de tudo nessa vida, nunca tive tempo ruim. Já trabalhei pra mim e para os outros, do mais baixo escalão ao mais requintado, sem tempo ruim. Atualmente eu trabalho com minha arte, o que mais sai são quadros, e também estou como monitora de creche.
Quando o Corinthians anunciou o Cuca, a gente já sabe da história do Corinthians, como foi para você quando viu a notícia?
- Eu como mulher, que já sofri muita coisa pesada, eu senti essa dor em mim, impossível me sentir representada por um Jack.
Um jogo que marcou sua vida e por que?
- Corinthians e palmeiras no brasileiro de 2019, fazia tempo que não ia pra jogo, aí expus minha situação nas redes sociais e teve um mover muito grande pra eu estar na arquibancada junto do meu pai, mística incomensurável.
Como é sua rotina em dia de jogo?
- É uma loucura, sair cedo pra pegar busão pra chegar na capital, pegar metrô, pegar a caravana… é demais de bom, toda correria vale a pena.
O que você aconselha para uma mina que está querendo entrar para uma organizada ou até mesmo começar a frequentar o estádio?
- A exemplo meu, cresci em lar gavião, todavia meu pai só me permitiu se associar com meus 16 anos quando tinha certeza que era isso que queria pra minha vida. Então é essa mensagem que passo, entenda a ideologia da torcida, o respeito e postura, saiba do estigma que carregará em não ser apenas mais uma torcedora comum.
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