Entrevista com Binho dos Gaviões da Fiel

Hoje na bancada em foco trago para vocês um pouco da história do Fábio, mais conhecido como Binho, membro dos Gaviões da Fiel, Binho vive a torcida e o Corinthians por caravanas onde o Timão estiver, apoiando os 90 min, e fala também sobre o jogo mais hostil do Corinthians que esteja presente "Jogo mais hostil da história da fiel que foi a "Batalha de Rosário" onde defendemos a fiel torcida e nossos patrimônios na cidade mais violenta da Argentina e graças a Deus saímos de lá da mesma"

O que os Gaviões representam para você?  
- Os Gaviões para mim é a minha maior escola de vida, aqui aprendi o valor da divisão, o valor de somar, sempre multiplicando e nunca subtraindo.

Hoje em dia qual a maior dificuldade de participar de uma torcida organizada? 
- Atualmente uma das grandes dificuldades são os altos valores de ingressos, é complicado acompanhar o time principalmente fora de casa, onde o valor do ingresso chega a ser na maioria das vezes maior que 10% do salário mínimo.

Mano como é representar os gaviões e o Corinthians em outro país? 
- Representar os Gaviões é uma honra inestimável, seja fora do país ou até dentro de casa, dar a vida pelas, nossas cores são um ideal que carrego desde que entrei na torcida.

O porquê, os gaviões e como foi essa escolha?
- Conheci os Gaviões com um vizinho que me levou pela primeira vez quando tinha 12 anos e foi amor a primeira vista, com 14 comecei a frequentar com 2 amigos da escola e com 15 me associei.

Qual foi o país mais foda que você já frequentou?  
- Eu colocaria Chile/Argentina. Chile é um país onde tive a experiência mais surreal da minha vida que foi ter conhecido a neve além de ser um país muito lindo, na Argentina vivi experiência inesquecíveis, jogos na lá bombonera e também tive a honra de estar no jogo mais hostil da história da fiel que foi a "Batalha de Rosário" onde defendemos a fiel torcida e nossos patrimônios na cidade mais violenta da Argentina e graças a Deus saímos de lá da mesma forma que chegamos.

E conta um pouco sobre seu ciclo de amizade que a torcida trouxe para você? 
- Meu ciclo de amizade é bem eclético, tenho grandes amigos de longa data da época de Rua São Jorge, minhas grandes amizades sempre foram com mulheres, minha melhor amiga na torcida é a Nabru, uma das mulheres mais mil grau que conheci na torcida, tenho muita amizade com a molecada que tá chegando, graças a Deus também conquistei o respeito dos nego veio da torcida e isso para mim é uma honra.

Hoje em dia qual é sua visão sobre as torcidas organizadas?  
- Minha visão sobre as organizadas é que cada dia que passa somos mais ainda a resistência, a resistência contra o sistema, contra a elite e contra a própria mídia, que mesmo tentando nos extinguir ainda seguimos firmes sendo a pedra no sapato de cartolas e governantes.

Hoje em dia, para você como é conciliar sua vida de torcida com a vida a pessoal? 
- Eu tenho uma facilidade maior por já ser formado, não ter filhos, não pagar aluguel e nem prestação do meu carro, trabalho por conta e isso me dá uma flexibilidade enorme, após pagar minhas contas e ajudar em casa o que me sobra é para ingresso e caravana que sempre são a minha prioridade.

E conta como é a resenha em uma caravana dos gaviões? 
- Algumas coisas que acontecem na caravana ficam por lá não da para explanar aqui, mas sempre rola aquele samba de malandro no fundo do buso, aquele batizado nos marinheiros de primeira viagem, ideias mil grau com vários irmãos de guerra, além daquele clima que a gente gosta quando chega no território inimigo, além também do companheirismo onde ninguém passa fome e sede sozinho, ou todo mundo come, ou todo mundo fica com fome, além de outros perrengues como acidentes, ônibus que quebra, polícia que esculacha, mas tudo isso na frente viram boas histórias.
O que é ser Corinthians para ti? 
- Ser Corinthians é a minha válvula de escape dos problemas e tristezas, ali eu não tenho dívidas, desilusões amorosas, problemas familiares ou qualquer outro tipo de problema que me chateia, me sinto incluído ao estar do lado de irmãos que não conheço, mas compartilham dos mesmos sentimentos, sofremos e sorrimos juntos em prol do mesmo amor que é o Corinthians e isso faz com que eu me sinto sempre acolhido.


E mano, conta um pouco sobre qual o sentimento de cantar os 90 min? 
- Além da emoção de cantar, a minha maior emoção é poder tocar na bateria, ser o coração da arquibancada para mim é uma satisfação imensa, poder puxar uma música que o estádio todo canta é uma sensação extremamente gostosa, porque para ter esse espaço no miolo da arquibancada é algo conquistado no dia a dia, sempre colando e dando o máximo na arquibancada e hoje para mim é algo até inacreditável, pois nunca imaginei que conquistaria esse espaço e respeito dos monstros que hoje em dia fazem batucada do meu lado.

Como é ver a eletrização da arena Corinthians? E você acha que o Augusto Melo vai conseguir dar uma freada nos valores dos ingressos? 
- A elitização é algo que eu já via mesmo no velho Pacaembu, é algo meio natural porque a sociedade também mudou seu poder de compra, mesmo na favela as pessoas mudaram seu patamar de vida e isso acaba refletindo no futebol, eu acredito que o Augusto Melo consigo dar uma freada nesses valores apenas nos setores populares, não acredito numa mudança drástica, mas sim num alívio básico dos valores até porque infelizmente as gestões passadas deixaram dívidas enormes, minha maior esperança é que aumentem a capacidade da norte e da sul para poder diminuir valores e aumentar o público presente.

 Qual o momento mais marcante junto aos gaviões?
- Meu momento mais marcante nos Gaviões foi a vitória na Inajar de Souza!

E para finalizar, qual conselho você daria para essa nova geração que está vindo aí? e como escolher a torcida que quer representar?
- Primeiramente é perguntar para molecada se é realmente isso que eles querem para vida deles, é uma vida que leva muito perigo, todos sabemos dos inúmeros riscos de ser preso, ser pego na covardia e até mesmo morrer defendendo o que amamos, demanda tempo, sacrifício, abdicar de família e relacionamentos e muitas vezes até mesmo de bons empregos, torcida não é balcão de ingressos, quem tá na parada tem que buscar viver, arquibancada e caravana, briga é consequência por vivermos numa sociedade violenta, ninguém é obrigado sair de casa para sair na mão, porém a atividade é 24 horas e quando trombar temos o dever de ficar e proteger nossos irmãos, por isso pensem bem antes de entrar para uma torcida. Quanto a escolher qual torcida representar, acho que vai muito da identificação da sua história de vida com a história da torcida, todas as t.os do Corinthians são foda, qualquer uma sempre será uma boa escolha, porém mereçam estarem dentro delas para representá-las.

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