Entrevista com Beatriz da Camisa 12
Hoje no bancada em foco e dia de vocês conhecem uma dozita especial, nossa querida Beatriz, mais conhecida como Bea, ela é da camisa 12 da quebrada de São Mateus e conta um pouco para a gente como é ser uma "12Dita", " Ser uma dozita, vai muito além do que as pessoas imaginam. É muito além de fotos e status! É sobre quem você é dentro e fora do estádio, nem tudo se baseia em jogo." Beatriz também trás uma visão do sentimento de ser mãe e frequentar a bancada " Na verdade, o sentimento é que sou vitoriosa duas vezes. O sentimento de poder ensinar ele o caminho certo, e o amor ao clube, é muito gratificante para mim. Eu tive que caminhar sozinha, aprender sozinha, me descobrir sozinha em tudo que envolve futebol, mas enquanto eu estiver aqui, ele nunca estará sozinho."
- A 12 foi amor à primeira vista. Foi a torcida que me acolheu e que mais me identifiquei, o sentimento é único, a primeira impressão é a que fica, e a energia que é transmitida na bancada é surreal, não teria como ser outra!
O que é Sr uma dozita?
- Ser uma dozita, vai muito além do que as pessoas imaginam. É muito além de fotos e status! É sobre quem você é dentro e fora do estádio, nem tudo se baseia em jogo. Os trampos fora do estádio também acontecem, as ações sociais, as participações na própria quebrada, tudo conta!
Como é sua rotina em dia de jogos?
- Dia de jogo, é dia sagrado!
Tento sempre adiantar no dia anterior tudo que eu tenho que fazer! Porém, nem sempre os horários dos jogos ajudam. Por diversas vezes tive que sair do serviço correndo e ir direto para a arena.
Mas, de costume sempre que possível, me reúno com a minha quebrada no PDE e vamos juntos para a arena.
Já passou alguma perrengue na torcida??
- Por incrível que pareça, nunca passei nenhum perrengue, graças a Deus.
Hoje em dia como é ver o aumento do público feminino na bancada?
- Ver o público feminino crescer na bancada é muito satisfatório! Estamos sempre tentando quebrar a visão de que "futebol é para homem", e aos poucos estamos conseguindo!
Lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive na arquibancada. E se tivermos que pregar uma guerra para impor isso, faremos. O fato de eu ser mulher, e estar numa torcida organizada não me faz menos mulher, menos mãe, menos filha e nem nada! Só me faz mostrar o amor pelo meu time. Nosso lema é o Corinthians!!
Conta um pouco do sentimento da caravana para você?
- Eu acho que todo torcedor precisa ir em uma caravana pelo menos uma vez na vida! Infelizmente ainda tem muitas pessoas que não tiveram a oportunidade, e que quando tiverem, vão querer morar na estrada kkkk. Como dizem, caravana é a escola da vida, a sensação de você atravessar a cidade/estado/país pelo seu time, é gratificante. Ninguém volta o mesmo depois de uma barca.
Qual é o macete de passar horas dentro de um busão indo para outro estado?
- Na verdade, a energia é tão boa, que muita das vezes o tempo passa voando e você nem vê. Mas geralmente, é em cima de muita brincadeira, cantoria, conversas, muitos cochilos, e olhar no celular toda hora a localização e torcer para estar chegando haha
Quem é a Bia fora da bancada?
- A Bia fora da bancada é a mesma que você vai encontrar lá dentro. A mesma brincalhona, doida, extrovertida, e que vai fazer de tudo para você se sentir bem. Mas também, é família, é mãe, amiga... Eu fora disso tudo sou literalmente a mesma pessoa que você vai encontrar na quadra, ou em um jogo, porque essa é minha essência de ser.
Hoje em dia, a gente ver que a 12 tem um tratamento diferenciado com as mulheres, pode nos contar mais sobre?
- Acredito que esse "tratamento diferenciado" seja uma das formas em que mais ingressam e recepcionam mulheres na camisa 12. Como foi dito anteriormente, a torcida não é só para homem, já foi-se o tempo em que esse pensamento era normalizado. Não importa se você é homem ou mulher, o que importa é o seu amor pelo Corinthians e pela entidade, é isso que vai valer no final das contas.
De onde veio esse amor pelo Corinthians?
- Já ouviu falar que você não se torna Corinthiano, você nasce? Eu parto literalmente desse princípio. Meu pai é Palmeirense, minha mãe nunca foi fanática por futebol, mas o amor pelo Corinthians sempre andou comigo, desde novinha. Conforme fui crescendo, e podendo tomar minhas próprias decisões, esse amor só aumentou, hoje meus pais seguem não apoiando "esse amor doentio", mas já se acostumaram, pois eles entendem que nada vai mudar.
Sem o Corinthians quem seria a Bia?
- Será que sem o Corinthians, eu existiria? Hahaha O Corinthians trouxe sentido a muita coisa na minha vida, me fez me redescobrir novamente. Eu nem gosto de pensar na possibilidade de não ser corinthiana, pois acredito que não poderia haver essa opção na minha vid.
Qual sentimento de ser mãe e frequentar uma bancada?
- Na verdade, o sentimento é que sou vitoriosa duas vezes. O sentimento de poder ensinar ele o caminho certo, e o amor ao clube, é muito gratificante para mim. Eu tive que caminhar sozinha, aprender sozinha, me descobrir sozinha em tudo que envolve futebol, mas enquanto eu estiver aqui, ele nunca estará sozinho. Claro, que muitas das vezes o sentimento de ir e deixar, é muito ruim. Ir sem saber se vou voltar, também tem um peso muito grande. Mas luto dia a dia para ser a maior referência dele.
Já sofreu algum tipo de preconceito por ser de Organizada?
- Preconceito não, pelo menos não diretamente a mim, mas já presenciei alguns casos com alguns conhecidos. Mas de uma coisa é certa, você sempre ouve algumas piadas daqui, outras dali.v t
Como foi a escolha pela camisa 12? O que de diferente neles que chamou atenção?
- Eu não escolhi a 12, foi ela quem me escolheu. O acolhimento, a recepção, a festa na bancada, a disposição que a torcida tem em tudo que faz, é de outro mundo! Todo mundo que tem interesse em se associar a alguma torcida, tem que conhecer a 12, e de verdade, tenho certeza que não vão se arrepender de nada! O amor que temos pelo Corinthians nos faz caminhar sem esforços. Não queremos ser os maiores, queremos ser os melhores.
Qual sentimento feminino de ver a nossa arena lotada em dia de jogos?
- O sentimento é satisfatório, alegria, a emoção toma conta e você só quer viver aquele momento e não sair dele nunca mais. Lá não tem rivalidade, não tem superioridade, ali estamos em um só, cantando e vibrando e principalmente apoiando o nosso bem maior, que é o Corinthians.
Qual jogo que mais marcou sua vida?
- Corinthians X ponte preta no jogo de volta da final do paulista em 2017.
Nesse dia, fui para o jogo e meus pais nem sonhavam!
Nessa época, eu não podia participar muito dos jogos, e lembro que pedi um dinheiro para o meu pai, falando que precisava de materiais escolares e comprei o ingresso para esse jogo.
Foi o que mais me marcou, não só pelo título, mas pelo amor que consegui sentir, perante tudo aquilo que eu estava vivenciando. Nunca havia participado de uma final, e muito menos seguida de título, e ainda mais pelas circunstâncias de estar lá.
O que mudou no seu psicológico após a entrada em em uma organizada?
- Na verdade, eu mudei por completa. Hoje já não consigo mais me identificar com aquela "menina" que eu entrei. Eu tive muitos aprendizados, quebrei a cara muitas vezes, mas graças a Deus consegui aprender muita coisa e absorver muitas coisas ao meu redor. Uma verdadeira escola da vida! Já não me sinto mais aquela menininha frágil de um tempo atrás, aprendi muito, mas continuo evoluindo, aliás a vida é sobre isso, não é mesmo?
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