Entrevista com Ruby cantora e Corinthiana

 



De onde surgiu esse amor pelo Corinthians?
Desde criança eu sou corinthiana, mas nessa essa loucura, esse amor. Não surgiu quando eu era criança, quando eu tava no fundamental, na pré-adolescência eu voltei a sentir essa paixão pelo Corinthians e cheguei até brigar na escola por conta disso o Corinthians sempre foi grande, mas na época do Sheik ele era um absurdo para contar como tudo começou eu tenho que voltar lá atrás quando a minha mãe casou com o meu primeiro padrasto, ele era um ser humano horrível a única coisa boa que ele tinha era o fato de também ser corinthiano, ele tinha uma birra comigo, mesmo sabendo que eu era corinthiana e o quanto que eu gostava ele nunca me levou no Parque São Jorge, ele chegou a fazer carteirinha de sócio torcedor para os dois filhos dele e não fez para mim de propósito ele ficava jogando na minha cara, ele chegou a pagar ingresso para filha dele que nem gostava de futebol, a filha dele acho que tinha 4 anos na época, e para o filho dele irem para o estádio e jogou na minha cara que eu não iria, isso em vez de me afastar do Corinthians meio que me aproximou mais, mas eu tinha outros pensamentos eu tinha outros focos na época então eu não foquei tanto no futebol com a adolescência eu fui voltando fui assistindo a jogos, mas foi quando eu entrei na faculdade que essa paixão acendeu mesmo eu falei que eu não ia entrar no jornalismo esportivo porque não era minha praia, eu gostava muito de futebol, mas eu não tinha tempo para acompanhar eu fazia três cursos, estudava por fora, trabalhava, então não tinha tempo para poder acompanhar, mas foi à faculdade que percebi que a minha paixão estava ali,e comecei a acompanhar os jogos, e não só isso voltei a pesquisar sobre a história do Corinthians, o que fez eu voltar para aquela paixão de infância, foi realmente o Sócrates e a história da democracia corinthiana que é o nosso diferencial eu peguei e falei tudo ,o que eu era proibido ele fazer quando era criança, no caso do meu padrasto me proibia só para me deixar mal, decidi fazer! Eu não tenho um amigo para chamar para assistir, então eu ia me arrumar e saía para ver no posto do Corinthians sozinha, aprendi os cantos que eu não tinha aprendido quando era criança, cheguei a conhecer um colega no trabalho que era da camisa 12 e ele me levou pela primeira vez eu fui ao parque São Jorge, fui assistir o nosso futsal, mas eu não lembro contra quem era e  Foi incrível a energia de ficar dentro da torcida organizada mesmo, eu fiquei deslumbrada, então faz dois anos que voltei a sentir aquela loucura corinthiana, eu não troco por nada o meu amor se fosse para resumir começou na infância, mas ele foi estourar mesmo agora na fase adulta,é mais do que o amor pelo futebol.Eu amo futebol no geral, eu adoro! 

Jogava quando era a mais nova na escola, ser corinthiana é muito mais do que isso você se apaixona pela história, você se apaixona pelo símbolo, você se apaixona pela torcida, que acaba virando uma segunda família, ninguém se conhece, mas naquele momento todo mundo chora junto, todo mundo ri junto, todo mundo coloca a mão na cabeça ao mesmo tempo. No poropopó todo mundo se abraça e todo mundo pula no mesmo ritmo, então meu amor pelo Corinthians começou. 

Ah e quando eu jogava bola na escola ainda não se falava tanto do futebol feminino tanto que implorei para ir para uma escolinha de futebol, mas adivinha quem não deixou, meu padrasto pagou a escolinha para o filho dele e me forçava a ficar na escola esperando dar o horário dele sair da escolinha eu ficava sentada vendo eles jogarem e não podia fazer nada. Eu jogava na garagem de casa, treinava com ele, eu treinava no meio-termo entre goleira e atacante, é muito bonito ver o futebol feminino hoje ganhando espaço,  nunca que quando eu era criança eu imaginava ver a gente passando na Globo.


E hoje em dia para Ruby, qual sentimento dela em ver o futebol feminino tão em alta? tipo vamos sediar uma copa do mundo, da para acreditar que chegamos a esse patamar? 
- De verdade chega a ser positivamente inacreditável, porque o futebol feminino ele sempre foi descredibilizado Isso vem de uma raiz muito mais funda no machismo do próprio sexismo, então você tá correndo como uma garota você está jogando como uma garota deixa de ser menininha, eram frases que você escutava o dia todo principalmente em jogos. Então é conhecer nomes do futebol feminino além da Marta é incrível. A Marta foi um símbolo gigantesco a Formiga também, mas hoje a gente vê muitos nomes e não só na boca de pessoas que trabalham com esporte, na boca das crianças na boca de homens adultos então vê um estádio cheio para ver uma final do meu time na categoria feminina é incrível pensar que no nosso país já foi crime jogar futebol feminino. E pensar que nasci em 2002 e quando eu tinha não sei é 13 anos ainda se era visto como um absurdo eu jogar futebol. Hoje aqui na zona leste eu já passei em frente à escolinha de futebol, e está escrito bem grande no letreiro que tem aulas para futebol feminino. Então não está só na boca de quem trabalha com isso, está na boca da mídia, tá na boca do povo, virou patrocinado entendeu. É claro que ainda tem a diferença salarial absurda, mas a gente não pode ignorar que hoje o futebol feminino finalmente virou marca antes do futebol feminino, na minha humilde opinião era encarado como várzea. E hoje é encarado como sim um esporte credibilizado sério e com potencial incrível quando eu era mais nova na escola não tinha nem como montar um time era um pouco as meninas que tinham coragem de jogar mesmo sem saber e as que sabiam e gostaram tinham medo justamente pelo julgamento "Você é Maria macho você é Maria João", se uma menina que jogava bola não escutou isso nenhuma vez ela tá mentindo. Se tivesse me dado uma oportunidade quando eu era mais nova, talvez hoje eu fosse um nome mesmo que pequena do futebol feminino. Eu tinha vontade, eu tinha raça e eu sabia fazer alguma coisa, o que me deixa mais triste é pensar quantos talentos não foram ofuscados por conta do preconceito. Eu conheci uma menina que jogava muito bem, mas ela só tinha nome no interclasse da escola porque fora disso ela não podia jogar bola quanta médicas, enfermeiras, jornalistas, dançarinas, cantoras, tinham antes de um sonho de se tornar uma jogadora de futebol. Quantos futuros não foram alterados por conta de um preconceito, eu realmente penso muito nisso. Porque eu sempre quis ser artista, mas eu queria ser jogadora e talvez se tivesse me dado uma única oportunidade eu teria abraçado. Na minha cabeça Alex fica aquela pulga atrás da orelha e se tivesse sido diferente então para mim é gratificante é lindo é emocionante porque eu consigo ver um sonho de menina sendo realizado, eu realmente nunca imaginei e eu não estou exagerando eu realmente nunca imaginei ver o futebol feminino alcançando o patamar que ele tá hoje é inacreditável Dá vontade até de chorar de ver um estádio lotado por loucos pelo Corinthians gritando nomes como da Gabi Portilho e eu sei que isso vai aumentar ainda mais.


E a música como entrou na sua vida?  
- Desde criança eu queria ser uma artista eu vi a televisão e falava que eu ia aparecer lá um dia, mas eu comecei na música antes de cantar Minha primeira composição musical registrada foi com nove anos eu frequentava a igreja evangélica e na escolinha dominical A pastora dava alguns desenhos para gente colorir e no verso dos desenhos eu escrevi essas músicas.  Eram letras focadas no Gospel né, mas na visão de uma criança a minha mãe era líder de jovens e eu participava do grupo Ninguém nunca levou a sério mais composições nem mesmo a minha família, além disso, não levavam a sério algum dom que eu poderia ter para cantar na época em que eu cantava na igreja era muito comum a gente ver mulheres com aquele tom mais agudo igual do diante do trono Com a Valadão então eu não tinha espaço para poder cantar as partes que eram, por exemplo, de cantores masculinos que tinham a voz mais grave que entra no tom que eu canto eram feitas exclusivamente pelos meninos do grupo   Então quem solava homens eram homens e quem solava mulheres eram mulheres, mas eu era uma mulher com um tom mais grave de voz não conseguia fazer um falsete como Ana Paula Valadão Então eu era um desastre eu lembro até hoje de ficar horas e horas tentando cantar ressuscita-me da Aline Barros e sentiu meus tímpanos sangrarem porque estava horrível eu me sentia horrível me sentia muito incapaz por não conseguir fazer como elas e não tinha um ser humano naquele lugar que parou para pensar que talvez ela não cante mal, mas talvez ela só esteja cantando no tom errado Teve um dia que a gente foi fazer um ensaio Eu lembro até hoje como se fosse hoje nós iríamos cantar uma música do Anderson Freire com a Bruna Karla e o rapaz que ia fazer o Anderson Freire não foi no dia e ele era o único que tinha uma voz bonita sendo bem sincera Alguém ali pegou e falou vamos colocar as pessoas que cantam mal para testar só para desencargo de consciência e eu com a minha voz cantando grave fiz um espetáculo se não me engano eu tinha 12 anos e foi um dos dias mais importantes da minha vida porque eu me senti menos lixo. kkk Depois daquilo eu comecei a ganhar oportunidade e cantar bastante na igreja porque começaram a ver que eu não era ruim e não só isso eu ganhei confiança para pedir oportunidade para cantar sozinha Então eu comecei a cantar só que dessa vez com tons que são meus eu não posso cantar é um tom agudo porque não é a minha voz, mas eu posso sim, cantar muito bem se a música for não tô mais grave, por exemplo, quando eu fui fazer cover eu fiz do Cazuza eu fiz da Alcione da Cássia Eller A verdade é que a gente vê muito isso nas igrejas hoje existe um grupo de jovens um grupo de canto um coral, mas às vezes não tem ninguém que entende de música Enfim o tempo passou eu entrei na banda da igreja então foi aonde eu aprendi a tocar teclado aprendi a tocar violão, mas o violão acabei abandonando com o tempo então eu sou bem enferrujada, mas no teclado Eu me garanto um pouco quando eu ia para a escola também tinha um estabelecimento que era como um restaurante meio café. Ele tinha um piano e eu pedia todo dia para poder tocar então eu ia mais cedo para escola e às vezes faltava na aula do reforço para poder tocar esse piano Depois disso eu saí da igreja e parei de cantar Continuei compondo porque querendo ou não antes de cantar eu era uma compositora fiz muitas músicas que infelizmente foram se perdendo com tempo porque assim como quase todo mundo que compõem a gente fazia muito no caderno na escola.

Então eu passava o ano letivo eu perdi o caderno ou jogava fora e acabar esquecendo letras ali quando eu comecei a usar o celular eu comecei a colocar elas no bloco de notas mas também fui roubada em 2021 então perdi algumas composições, foi assim que entrei na música, mas eu só me tornei a "Ruby" de fato em 2021eu gostava muito da cultura coreana até hoje eu gosto e abri audições para uma empresa uma gravadora de entretenimento nela eu teria um agenciamento e como foi uma audição internacional e eu sonhava e me tornar uma artista eu falei cara é a minha oportunidade. Eu precisava mandar vídeos cantando vídeos dançando e me apresentando para eles, para essa audição eu fiz pelo menos uns quatro vídeos dançando e também fiz um vídeo cantando um cover, mas eu pensei eu sou compositora então eu não canto uma música minha e se eu fizer diferente não cantar com a câmera na minha frente, mas realmente fazer uma produção então em um dia só, na verdade, em uma tarde eu escrevi GODDESS Em cima de um beat free que peguei no YouTube, como meu irmão já fazia a música ele tinha um mini estúdio no quarto eu pedi para gravar lá então em um dia, ou melhor, em uma tarde eu escrevi e gravei a minha primeira música mandei para eles, mas não passei na audição o bom é que depois disso eu sentei no sofá como se fosse hoje eu lembro eu falei cara eu tenho capacidade eu não preciso disso é claro que seria interessante, mas depois que ouvi a minha voz em cima do beat eu fiquei maluca eu falei cara eu posso cara eu consigo isso saiu do papel eu tô ouvindo a minha voz em cima de um beat. Então eu entrei em contato com um colega meu que é rapper e pedir para que ele me passasse o número de produtores musicais ele me encaminhou o número de quatro produtores e nenhum deles tinha a foto eu olhei e falei eu não vou chamar todos e pedir um orçamento eu vou chamar um só E eu apertei em um e chamei foi um tiro de sorte e foi a melhor decisão da minha vida com certeza foi uma das melhores decisões da minha vida que hoje é meu produtor e meu amigo meu aliado parte da minha família Ele pegou e fez a produção de GODDESS que hoje tá disponível em todas as plataformas digitais Foi assim que a "Ruby" nasceu.




Mano como dominar a ansiedade para o clipe? E explica para gente um pouco do que esperar dele? 
 A ansiedade para o clipe tá mais ligada a espectativa da reação do público. Colocamos muito tempo e dinheiro no projeto, idealizei cada segundo e querendo ou não, ainda que fique no seu aguardo, a gente quer muito que o público também goste 

Um dia antes do clipe, cheguei a ter uma crise, por jurar que talvez ninguém gostasse ou que eu não tivesse feito o suficiente, já que rolaram muitos problemas no pós gravação, durante as edições, mas era tudo insegurança. Até o momento, todo mundo que viu curtiu e eu estou muito feliz

Vocês podem esperar um som pesado produzido pelo magnífico Brenno Bank, com letras agressivas como DESTEMIDA, BOOM e BRUXA, que é uma vertente que eu gosto muito de trabalhar. Uma edição muito bem feita pelo Cavalcanti Studio e no fim, alguns cortes do Making off gravado e produzido pelo Fernando Ota. Tive a ideia de adicionar esse elemento para quebrar com a vibe "porreta" e mostrar quem a Ruby é. Para quem só ouve meu som, talvez tenha uma visão de mim e eu particularmente não quero manter uma marra ou um personagem que não casa com quem eu sou. Então sim, a Ruby é bem palhacita como vocês vão ver no making off completo que saiu dia 14/11

Assista o clipe completo aqui





Você é jornalista, como se imagina na profissão? Tem alguma área que quer seguir? 
Como jornalista, eu me vejo trabalhando em pró da arte independente. Ajudando a cultura e os artistas a contarem suas histórias que muitas vezes só seriam ouvidas quando um selo no Instagram destinguice se a trajetória deles é ou não relevante. Criei recentemente o ART.in um projeto de colaboração musical, entrevistas e divulgação de artistas independentes, por enquanto na vertente do Rap, mas pretendo expandir. 

Também tenho o sonho de fazer documentários e livros reportagens com contextos de denúncia e visão para problemas sociais como a saúde mental masculina, racismo em todas as suas vertentes, etarismo e claro, a violência contra a comunidade LGBTQIAPN+


Hoje em dia para ti que nunca foi em um jogo, como é que você imagina que seja a energia lá dentro? 
- Sim, eu nunca fui em um jogo e sinceramente, imagino que seja uma das maiores experiências da vida de alguém.

Eu já me emocionava com a energia do botequinho do lado da minha casa com três ou quatro corintianos. Quando conheci o posto, fiquei fascinada. Na Maria Luiza, vão cerca de 100 ou 200 pessoas e você já se arrepia todinho, principalmente quando em uma só voz gritamos: "É sangue no olho", agora imagina com mais de 40 mil malucos como você?Deve fazer até o sangue vibrar!


Já imaginou fazer uma música em pro do Corinthians?
Já siim, inclusive, eu tenho uma escrita e pretendo lançar no futuro. O nome da faixa é LOUCOS.


Conta um pouco de ti, fora da sua vida artística? 
-  Bem, a Ruby é uma mulher de 21 anos que nasceu e cresceu na zona leste de São Paulo. Sou a caçula, tenho mais três irmãos mais velhos e cresci em uma família simples. Sou fascinada por estudar idiomas, já fiz 1 anos de alemão e espanhol, mas sempre preferi ser autodidata, até por conta do TDAH. Já estudei japonês, coreano e inglês também. Infelizmente, em nenhum desses idiomas eu sou fluente, na época eu não tinha meu diagnóstico, então não sabia como me organizar levando em consideração a minha condição. Acredite, manter um hiperfoco é muito difícil; é necessário muita disciplina e quando você não entende o porque migra de um "hobby" para o outro, é mais complicado ainda.  Quando eu estourar na música, acredito que terei mais estrutura e tempo para me dedicar aos estudos e quero sim, ser no mínimo avançado em todos que eu citei. Eu realmente sou apaixonada por aprender sobre outras culturas e o idioma é umas das bases da comunicação. 

Também fiz 3 anos e meio de jornalismo, mas não me formei por questões financeiras e de saúde mental. Eu já não estava bem e foi bem nessa época em que eu recebi o meu diagnóstico de TDAH, percebi que as DP's que eu me culpava tanto por ter pegado eram também culpa do transtorno. Eu tenho mais de um DP's por esquecer datas de provas online, uma coisa tão idiota, mas que sempre me prejudicou. O tanto de compromissos IMPORTASSIMOS que eu simplesmente esqueci eram impressionantes. É uma desatenção maluca. 

Bem, eu já estava mal, pensando que não conseguiria me formar no tempo comum, por não ter dinheiro para bancar as matérias em que fiquei e para contribuir, tive uma crise de "dissociação" durante uma prova e ali, eu desandei. Apesar de ter tirado uma nota boa, perceber que meu psicológico estava totalmente fora do meu controle, me desestabilizou e quando meu celular foi furtado e eu perdi grande parte do estudo do meu TCC; decidi trancar o curso.


Já sofreu algum tipo de assédio no mundo da música? Ou algo do tipo que possa compartilhar? E se sim qual foi sua reação? 
Como eu vivi mais presa na minha bolha, não tive contato com outros artistas da cena antes. Comecei a divulgar meu trabalho e procurar me aproximar mais agora, mas já aconteceu uma situação que me incomodou Claro, muitas mulheres da música passaram por coisas piores, mas essa cena me irritou. Um mc me chamou para um feat, mas até o convite foi meio pelas coxas, mas o que me incomodou foi uma fala gratuita dele, nesse "convite"

"Vem comigo, que eu vou te transformar na mc pipokinha"

O som nem era um funk e ainda que fosse, respeito a MC, mas se você dar uma olhada bem por cima no meu trabalho, percebe que eu e ela somos bem diferentes. Eu senti que ele desmereceu meu trabalho, por querer me "elogiar" falando que "transformaria" em outra artista, como se meu trabalho precisasse receber alguma reformulação, mas para além disso, conhecemos o tipo de música que ela faz e o seu trabalho fora da música, levando em consideração de que pessoalmente, ele também deu uns furos que na minha interpretação beiraram um "flerte", eu me incomodei.


O fator mulher como é ver um estádio lotado para ver as mina jogando? 
-  É gratificante, mas também surreal, se pensar que até alguns anos atrás, além de ter sido proibida de treinar, ouvia muitos comentários pejorativos sobre o nosso futebol . Quando se falava de nomes do futebol feminino, era fácil vir pouquíssimos nomes a boca do povo, como o da marta, mas hoje vemos crianças falando de Gabi Portilho e é incrível. O futebol feminino saiu da bolha e abrange um público que antes era quase um rival, por conta do preconceito; o público masculino. Eram justamente os homens que mais desmereciam o trampo das minas do futebol e hoje, são eles que fazem maioria nos estádios. Acredito que a mídia ajudou muito nisso, principalmente por televisionar os campeonatos.

É maravilhoso, como mulher, ver outras mulheres ocupando os espaços que lutaram tanto para ter; merecidissimo.



Qual sentimento de ser Corinthians? 
É como eu digo, a gente não escolhe ser Corinthians, a gente nasce Corinthians e se tivéssemos que escolher, a resposta seria Corinthians também. Sempre foi muito mais que um time, é o amor pela história, o peso do nome e representatividade.

Somos o povo e o Corinthians é o time do povo, e carregar no peito o brasão do time que representa minha classe é questão de identidade e amor pela minha raiz.





E para finalizar qual conselho daria para uma mina que tá começando na música?
- Meu conselho é ser você. Não venda suas letras, sua voz ou sua postura em nome de uma estética que fere a sua essência. Se você gosta de escrever um rap sujo continue e entre de cabeça, não pare para tentar se pulir ou abranger um público diferente. Se você gosta de fazer um rap consciente, não para; não se enfie em um clichê chiclete só para angariar views. A sua música tem que ser algo que te agrada 100% e claro, a gente quer vender, mas não podemos colocar em cheque a nossa essência por isso se não, lá na frente, você pode acabar vendo que no processo para essa ascenção, acabou se perdendo. Eu falo de tudo e faço isso porque eu gosto, porque me representa. Gosto de canetar, de mandar uma ideologia, mas também de zuar e sim, também amo falar uma putaria e não abro mão disso. Cada som meu, tem a sua estética e eu vario conforme eu quero. 

Quero fazer um pop? Eu faço. Quero fazer um drill? Eu faço. Quero meter um inglês ou um espanhol? Eu coloco e se eu quiser fazer um boombap todo em italiano, eu faço também. Sim, temos que ter estratégia, porque é o nosso trabalho, não pode fazer sem uma visão, mas não abre mão da sua essência.

Prefiro mil vezes ficar mais alguns anos no anonimato do underground, do que estourar e não me enxergar mais na minha arte

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